Vou contar-te uma situação vivida por mim em outubro de 2020 onde fica claro o poder especial do propósito.
Estávamos em plena pandemia… Desde março estava à procura de uma solução para viajar para a Colômbia. Tinha viagem marcada em abril, mas a pandemia fechou tudo, sem data previsível de abertura. Na Colômbia a minha companheira também não podia viajar para Portugal. Estávamos isolados e sem saber o que fazer.
Nessa fase ainda se sabia muito pouco sobre o vírus, o nível da gravidade das infeções. A angústia era grande…
Ficamos dependentes do que viesse a acontecer e de tudo o que fosse decidido pelas entidades responsáveis. Não sabia o que podia esperar… inicialmente pensei que talvez em maio fosse possível viajar… depois em junho… depois em setembro.
Os meses iam passando e cada vez mais parecia que afinal não seria possível viajar… Todos os dias consultava as notícias… O abre e fecha das fronteiras… As novas regras… Tudo aquilo que estava a acontecer à procura de uma solução…
Eu sei que quando estamos dependentes de decisões externas o melhor que podemos fazer é mantermos o equilíbrio emocional, mantermos a esperança, e viver cada dia de cada vez. E foi dessa forma que os dias iam passando e nós iamos aguentando firmes no propósito de estarmos juntos.
Quando parecia que dificilmente iria poder viajar para a Colômbia em 2020, a luz ao fundo do túnel apareceu. Finalmente uma janela de esperança abriu-se em outubro.
O Brasil tinha aberto os voos à europa e a Colômbia permitia voos chegados do Brasil. Lá simulei várias rotas possíveis e que se enquadrassem dentro de uma janela de 96 horas.
Porquê 96 horas? Esse era o tempo máximo admissível para fazer o teste PCR à COVID, obter o resultado negativo e poder viajar para a outra ponta do mundo entrando na Colômbia… 96 horas.
Depois de muitas simulações a rota estava decidida. Iria viajar em 4 etapas: 1) Porto – Amesterdão; 2) Amesterdão – São Paulo; 3) São Paulo – Bogotá; 4) Bogotá – Medellín. Se tudo corresse bem chegaria à Colômbia 93 horas depois de fazer o teste PCR à COVID19.
A margem era mesmo mínima, 3 horas. Era, no entanto, a margem possível e uma margem que decidi aceitar como boa. A decisão estava tomada! Os bilhetes foram comprados e o teste PCR agendado.
Dirigi-me no dia e hora agendada para a realização do teste a um laboratório autorizado. O teste PCR foi realizado num local cheio de pessoas que possivelmente poderiam estar infetadas. Uma rapariga chamou a minha especial atenção. Estava a cerca de 2 metros de mim constantemente a espirrar a tossir. Não estava sentada… Andava em pé pela sala em brincadeiras com a mãe.
Quase por instinto, mentalmente, fechei-me a quaisquer vírus. Como que se um filtro mental fosse instalado para me proteger daquela situação. Numa das salas de teste uma criança chorava, gritava, berrava e naquele momento parecia que estava numa cena de um filme de terror, tais eram os gritos de sofrimento daquela criança.
O cenário estava montado… Na minha mente passou algumas vezes a ideia: “Queres ver que ainda vais apanhar COVID?” “Isto deve estar provavelmente cheio de vírus e eu tenho de ter mesmo cuidado…”
Voltei à minha mente e voltei a fechar-me a quaisquer possibilidades de ficar infetado. Fiz o famoso exame da zaragatoa, saí daquele local pouco “amigável” e depois só me restava esperar.
No dia seguinte, pela manhã, a notícia que estava à espera chegou. O teste PCR vinha negativo, mas… havia um mas… O teste PCR não dizia a que horas tinha feito o mesmo. Liguei para o laboratório, falei com inúmeras pessoas a explicar a minha situação. Felizmente houve uma senhora muito gentil que me garantiu que iriam atualizar o teste e enviar-me nova versão do teste com data e hora da colheita.
Passado algumas horas recebi o relatório do teste atualizado com data e hora.
Já podia celebrar algumas primeiras vitórias. As fronteiras estavam abertas, eu tinha conseguidos comprar os bilhetes de avião, seguro de saúde comprado, teste PCR à COVID realizado e negativo. Já sabia que ia viajar e por esse motivo podia celebrar as primeiras vitórias.
Chegou finalmente o dia da viagem. Ia sair do Porto às 4h20 da manhã. Nessa noite não dormi. Verifiquei toda a documentação necessária para viajar vezes sem conta… Pedi um Uber às 00h30. A noite estava escura e fria. A rua deserta e eu ia iniciar a minha aventura.
O Uber chegou… Estava a caminho do aeroporto à 1h00 da manhã e a motorista começa a falar-me de energias, reiki e temas relacionados. Sorri e pensei para mim mesmo “Estou em boas mãos…”.
Cheguei ao aeroporto do Porto que se encontrava deserto… Àquela hora apenas estavam alguns (poucos) passageiros que provavelmente iriam viajar também para Amesterdão.
O medo de ficar doente durante a viagem estava presente. Se ficasse doente na Holanda não poderia continuar viagem e não sabia onde me iam colocar. O mesmo aconteceria se ficasse doente no Brasil ou mesmo ao chegar à Colômbia.
Se não havia opção, estava decidido! Não podia ficar doente e tinha uma missão clara. Chegar à Colômbia saudável. Estava no início de uma viagem que iria durar 42 horas.
51 horas já tinham passado desde a realização do teste PCR. Se tudo corresse conforme planeado iria chegar à Colômbia 93 horas depois de ter realizado o teste PCR.
Os dados estavam lançados…
(continua…)