Vou contar-te uma situação vivida por mim em outubro de 2020 onde fica claro o poder especial do propósito.
(parte 2)
Como te recordas estava no aeroporto à 1h00 da manhã e o aeroporto estava deserto. O pulsar de vida que anteriormente se sentia nos aeroportos, com a emoção de viajar, de descobrir novos mundos, novas culturas, pura e simplemente não existia. Àquela hora apenas algumas almas estavam à espera da sua viagem, com máscaras, com distanciamento social… tudo muito frio. No ar sentia-se um ambiente de medo, inquietude e de certa forma desconfortável. Parecia que de certa forma todos temiam as outros pessoas que se encontravam no aeroporto.
Por volta das 3h00 abriu o check-in e lá despachei a minha mala. Dirigi-me ao controlo de segurança e alguns minutos depois estava na zona de embarque.
Entrei no avião ocupei o meu lugar e comecei a sorrir. A primeira etapa estava a começar. Sabia que seriam 4 etapas e cada uma delas com desafios pelo caminho. Também sabia que se mantivesse o meu propósito forte de chegar saudável à Colombia nada me iria impedir de o conseguir.
O voo até Amesterdão foi muito tranquilo. Chegamos dentro da hora e sem precalços. Era o momento de chegar ao aeroporto e dirigir-me para a zona de embarque para o Brasil. Demorei cerca de 40 minutos desde o momento que sai do avião, passei o controlo de fronteiras e cheguei à zona de embarque para o meu novo voo.
A etapa 1 estava concluída com sucesso! A etapa 2 estava prestes a iniciar…
Quando começamos a embarcar para o avião surgiu-me um pequeno desafio. Dois agentes identificando-se como controlo de fronteiras acercaram-se de mim e perguntaram se levava alguma quantia avultada em dinheiro comigo. Eu disse institivamente que não. Eles perguntaram novamente se eu estava seguro que não levava comigo mais que 500€ em dinheiro. Voltei a dizer que não. Pediram-me para lhes mostrar a minha carteira. Eu mostrei-lhe o que tinha na carteira. Não devia ter mais que 100€ comigo… Agradeceram e mandaram-me seguir… Que abuso, pensei eu.
Dou dois passos em direção ao avião e quase que congelo. Recordo-me que na mochila levo 600€ em dinheiro… A mente é mesmo um mistério… Momentos antes não me recordei sinceramente. E dois passos mais tarde…
(Mais tarde descobri que afinal só quando levamos mais que 10.000€ é que precisamos declarar esse dinheiro)
A viagem começou… Uma viagem que iria durar 12 horas. A segunda etapa iria durar meio dia. Nem mais, nem menos… 12 horas!
Desta vez, o avião estava deserto. Iria passar 12 horas de máscara na cara e sem ninguém a meu lado numa fila deserta. Pensei no lado positivo… Posso deitar-me nos bancos e descansar um pouco. A segunda etapa estava a decorrer e no final da mesma estaria noutro continente. Chegaria ao Brasil.
Como deves imaginar as 12 horas que o voo durou passaram muito lentamente. Que sofrimento! O meu corpo estava super “moído” quando cheguei. A segunda etapa estava prestes a concluir-se.
Saimos finalmente do avião. As minhas pernas pareciam que não eram capazes de apoiar o meu peso. Que viagem desgastante, pensei sei eu. E estava prestes a ser novamente desafiado…
Cheguei ao controlo de fronteiras. A pessoa que me atendeu olhou para o meu passaporte e perguntou-me: “Porquê o passaporte é novo?”.
Porquê? Porque o anterior caducou respondi-lhe. “O senhor tem o anterior consigo?”. Respondi-lhe que não. E continuaram as perguntas: “De onde veio?” “Para onde vai?” “O que vai lá fazer?” e quando eu estava a responder percebi-me que de facto podia ser um passageiro suspeito. Lembrei-me da série “Controlo de Fronteiras da National Geographic” e percebi que a minha viagem era um pouco suspeira. Sou Português, viajo sozinho, venho da Holanda e vou para a Colombia, dois locais associados a droga. Senti-me a ficar nervoso… A senhora pediu-me para esperar um pouco. Foi falar com outro homem que estava numa outra cabine de atendimento. Via-os a conversar e a olhar para mim de lado… Muitas coisas passaram pela minha cabeça. Procurei estar tranquilo e confiar no poder da intenção. Eu não estava a fazer nada de mal. E tudo iria ficar bem. Cerca de 5 minutos mais tarde voltou a senhora voltou e… Disse-me que estava tudo bem e deu-me as boas-vinda ao Brasil…Ufa! Respirei de alívio. Tinha acabado de entrar oficialmente no Brasil.
A segunda etapa estava concluída! Estava cansado mas muito feliz. O sonho estava a tornar-se uma realidade.
(continua…)