Nos últimos dias as nossas vidas alteraram-se de forma irreversível. As nossas vidas mudaram porque assim fomos obrigados.
Alguns de nós, ainda resistem às evidências. Acho que poucos podem questionar que nunca enfrentamos um desafio tão sério.
Este é um momento chave para reflexão sobre a forma como vivemos as nossas vidas.
Acredito que o Universo tem formas de encontrar o equilíbrio quando as coisas estão fora da ordem natural.
As nossas vidas materiais, de consumismo, vazias… Uma vida que na realidade não é vida. Vivemos para as obrigações que todos nós criamos em nós mesmos. Uma casa melhor, um carro melhor, o ensino privado, a saúde privada, a comida embalada que pouco tem de comida real, …
As doenças chamadas modernas existem devido a esta pressão exterior que não sabemos gerir. Horas e horas no trânsito, horas e horas presos em escritórios de betão isolados do mundo, isolados da natureza, isolados dos nossos entes queridos.
Uma sociedade assente no consumo e na produtividade, em que todos nós corremos em média 12 horas por dia, na direção não se sabe muito bem de quê.
Nos tempos modernos os sábados, os domingos, os feriados são também dias de trabalho para muitas pessoas que não têm alternativa. Porquê é assim? Porquê o fazemos?
Somos todos responsáveis!
Não temos tempo para as nossas crianças. Não temos tempo para nós próprios. Não temos tempo para viver. Vivemos ou sobrevivemos? O acompanhamento do crescimento dos nossos filhos é, por força das circunstâncias, confiado a outras figuras e instituições. Chega o Corona Vírus e obriga ao fecho das escolas e obriga a encontrar outras soluções. Obriga a juntar os pais às suas crianças.
Num momento em que algumas ideologias e políticas discriminatórias, com fortes referências a um passado mesquinho, estão a reativar-se em todo o planeta, chega o Corona Vírus que nos faz perceber que, num instante, podemos ser nós os discriminados, os segregados, os bloqueados na fronteira, os portadores de doenças.
Recebemos a orientação de estar em casa. Orientação para nos protegermos e aos outros. Vamos estar fechados em casa, dias e dias. Recuperamos tempo para nós próprios e mesmo assim não conseguimos dar valor a essa realidade. Estamos em casa nos nossos lares enquanto inúmeros profissionais da saúde, forças de segurança, transportadores, operadores de supermercados, …, continuam a trabalhar para nós para ser possível a continuação da vida.
Em vez de nos lamentarmos, quando vamos ser gratos por tudo aquilo que estão a fazer por nós?
Vivemos numa sociedade virtual. As relações, a comunicação, a socialização processa-se na maioria no “não-espaço”, no virtual, nass redes sociais, dando-nos uma ilusão de proximidade.
O Corona Vírus deixa-nos uma mensagem real. Que ninguém se toque! Nada de beijos! Nada de abraços! Tudo à distância na frieza do não contacto. E agora já estranhamos? Penso que é tempo para reavaliarmos as vidas que vivemos.
É tempo de olharmos para o futuro e pensarmos o que realmente faz sentido para as nossas vidas.
Trabalhamos para ganhar dinheiro até perder a saúde e, de seguida, gastarmos o nosso dinheiro para voltarmos a ter saúde. Isto não faz o menor sentido.
No meu caso, vejo no futuro uma vida mais simples, menos material.
É tempo para voltar às origens. É tempo para simplificar! É tempo para voltar e respeitar a natureza! É tempo para sermos verdadeiramente Seres Humanos.
O caminho é a simplicidade e o AMOR!